Intoxicação Experimental em ovinos por “mio-mio” Baccharis coridifolia

Carlos Hubinger Tokarnia, Jürgen Döbereiner

Resumo


Apesar de haver na literatura relatos de numerosos experimentos com "mio-mio", Baccharis coridifolia DC. (fam. Compositae), em ovinos, faltam diversos dados básicos sobre a intoxicação por esta planta nessa espécie animal, razão porque foi desenvolvido o presente estudo. As partes aéreas frescas recém-coletadas de B. coridifolia foram administradas, por via oral, a 16 ovinos adultos, em diversas quantidades, em diferentes épocas do ano, a animais de região em que ocorre a planta e a outros de lugares onde não ocorre. A planta procedia dos municípios de Itaqui e Uruguaiana, Rio Grande do Sul Verificou-se que em outubro/ novembro, com a planta em brotação, a dose letal foi de 3 a 4 g/kg, enquanto que em março, época de floração e formação de sementes, ela foi de 1 a 2 g/kg. Desta maneira, na época de floração e formação de sementes a planta foi 2 a 4 vezes mais tóxica para ovinos do que na época de brotação. Os experimentos ainda indicam que não há diferença na susceptibilidade a planta entre os ovinos criados em região de "mio-mio" e os de região onde não existe a planta. Os sintomas de Intoxicação observados foram anorexia, ficando o animal separado do rebanho, em pé ou deitado em decúbito esternal, e, à medida que o tempo passava, permanecia por mais longos períodos nesta última posição, apatia, andar duro, instabilidade, tremores musculares, respiração ofegante, postura em decúbito lateral, movimentos de pedalagem, morte. Os primeiros sintomas, nos casos que terminavam com a morte do ovino, apareceram entre 3 e 24 horas após a administração da planta. A duração dos sintomas nesses casos foi de 2 a 42 horas e o total do período entre a ingestão da planta e a morte foi de 23 a 50 horas. Os principais achados de necropsia foram alterações do rúmen e do retículo, cujos epitélios podiam ser raspados com facilidade com a faca, edema e congestão de sua mucosa, congestão da mucosa do coagulador e do intestino em grau variável. As principais alterações histopatológicas foram também as do rúmen e retículo, e consistiram em necrose, edema e desprendimento das camadas superiores do epitélio com infiltrados por polimorfonucleares, e infiltrados polimorfonucleares na própria, e submucosa.


Palavras-chave


<i> Baccharis coridifolia; Compositae</i>; plantas tóxicas; intoxicação por planta; ovinos; patologia

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