Introdução

Ivan Sérgio Freire de Sousa

Resumo


Este número 2 do volume 35 (2018) dos CC&T aborda temas bem diversos dentro do campo científico. Abrange desde a piscicultura ao problema de patentes, passando, entre outros, por cidade digital, por planejamento estratégico e por esforços ecológicos, unindo campo e cidade.

O primeiro artigo, Sistema treino e visita de piscicultura em Mato Grosso, Brasil, de autoria de Daniel Rabello Ituassú e Jackson Carlos Aragão, aborda uma atividade de implantação e crescimento recentes naquele estado: a piscicultura. No início, a falta de técnicos especializados nesse novo tipo de negócio agropecuário tornou-se evidente, e algo precisava ser feito para suprir aquele gargalo. O artigo detalha a adoção da técnica conhecida como Treino e Visita (T&V). Essa estratégia assenta-se no treinamento continuado de técnicos denominados “multiplicadores”. Na experiência relatada, esses multiplicadores não apenas assistiam os produtores rurais, como também atuavam nos papéis de viabilizador, dinamizador e integrador de informação entre o setor produtivo e o de P&D. Vale a pena acompanhar o relato e argumentação dos autores.

O artigo logo a seguir trata de tema relevante para a sustentabilidade das propriedades familiares. Intitulado Modelagem de gestão de custos para o agronegócio em propriedades familiares: ênfase na tomada de decisão, tem como autores Mauro Lizot, Pedro Paulo de Andrade Júnior, José Donizetti de Lima e Carolina Sales Magacho. O que se discute é a disponibilização de instrumentos que auxiliam os agricultores familiares a aprimorarem a gestão de suas propriedades e tomarem decisões que melhorem as possibilidades de aumento de rentabilidade nas atividades agropecuárias e agroindustriais. Quanto a isso, traz contribuição importante.

O trabalho Caracterização anatômica da madeira de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz é o terceiro na sequência desse número. Seus autores são Yara Lemos de Paula, Ronisson da Silva Melo, Erick Daniel Gomes da Silva, Allyson Rocha Alves, Walter Torezani Neto Boschetti, Alan Cauê de Holanda e Rejane Costa Alves. O artigo foca na planta nativa da região semiárida do bioma Caatinga, popularmente conhecida como catingueira (Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz). O objetivo básico foi investigar o potencial tecnológico da madeira dessa planta. Para tanto, os autores trabalharam tanto com a massa específica básica quanto com a caracterização anatômica macroscópica e microscópica da madeira. Potenciais variados de utilização foram comprovados, muito além da utilização como fonte de energia.

O quarto artigo, escrito por Walter Paixão de Sousa, traz o título Extrativismo e o desenvolvimento no contexto amazônico. O ensaio começa mostrando que, embora o extrativismo tenha uma história secular na economia amazônica, sua potencialidade como base de uma estratégia de desenvolvimento não é clara, nem concensual. O que o autor faz é examinar os limites das diferentes abordagens sobre as potencialidades do extrativismo de recursos naturais renováveis naquela região, com ênfase nos produtos vegetais não madeireiros. Mostra que algumas dessas abordagens associam o extrativismo com o atraso, a pobreza e o subdesenvolvimento, enquanto outras trazem uma representação positiva, associando o extrativismo à sustentabilidade, à preservação da biodiversidade, à inclusão social e à valorização da identidade cultural. A discussão é interessante e bem fundamentada.

O artigo que se segue, Análise das estratégias, informações, serviços públicos, tecnologias da informação e projetos de cidade digital estratégica em 115 municípios paranaenses, foi escrito por Denis Alcides Rezende e Eloisa Parteka. Neste trabalho, os autores analisam as estratégias, informações, serviços públicos e tecnologias da informação, bem como suas relações com projetos de cidade digital estratégica em 115 municípios paranaenses, com suas áreas urbanas e rurais. Defendem que a implementação de projetos de cidade digital estratégica tem potencial de promover a melhoria dos serviços públicos, das decisões governamentais e da qualidade de vida dos cidadãos, com efeitos importantes sobre o desenvolvimento urbano e rural.

Sustentabilidade econômica e ambiental na mandiocultura praticada por agricultores familiares quilombolas de Macapazinho, em Santa Isabel, do Pará é artigo assinado por Walter Ferreira dos Anjos Júnior, Raimundo Nonato Brabo Alves, Moisés de Souza Modesto Júnior e Nelson Wellausen Dias. O estudo, fundado em dados colhidos de janeiro a agosto de 2011 numa comunidade de cultivadores de mandioca, situada a 70 km da capital Belém, avalia a produtividade da mandioca obtida por agricultores familiares da Associação Comunitária dos Remanescentes de Quilombo de Macapazinho. Vale a pena acompanhar os resultados da análise, em que práticas tradicionais conduziram a uma produtividade média de 22,94 t/ha. Há várias explicações instigantes sobre esse fato.

Sementeia: espaço de diálogo e articulação de resistências no campo e na cidade é o ensaio trazido por Marcelo Vaz Pupo, Márcia M. Tait Lima, Bruno Lacerra de Souza, Kellen Maria Junqueira e Janaína Welle. Desvenda-se, no trabalho, o que os autores chamam de plataforma virtual Sementeia. No sentido empregado, sementes são entendidas como unidades de conteúdo. Esclarecem os autores que a iniciativa da plataforma virtual – cujas origens datam de 2013 – buscou unir tecnologias da informação, produção de conhecimentos e o que é identificado como resistência social.

Fecha esta edição dos CC&T o trabalho escrito por Nádia Solange Schmidt e Christian Luiz da Silva que recebeu o título Planejamento estratégico e priorização de projetos em instituições públicas de pesquisa: o caso da Embrapa Suínos e Aves. No trabalho, os autores iniciam com a apresentação do contexto histórico brasileiro, no qual se fortalecem não só o setor de ciência, tecnologia e inovação, mas principalmente as instituições de ciência e tecnologia. O fulcro do artigo concentra-se no detalhamento e análise da pesquisa realizada em 2011, comparando os processos de planejamento estratégico levados a efeito por algumas Unidades Centralizadas da Embrapa daquele período (contexto nacional) com aquele vivido pela Unidade Descentralizada Embrapa Suínos e Aves (contexto descentralizado). Nas conclusões são discutidas a capacidade de priorização dos projetos de pesquisa da Embrapa Suínos e Aves vis-à-vis as prioridades do planejamento estratégico daquela Unidade de Pesquisa, bem como a definição das estratégias utilizadas no processo de priorização dos projetos de pesquisa.
Boa leitura!

Ivan Sergio Freire de Sousa
Editor


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DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2018.v35.26400