Introdução

Ivan Sérgio Freire de Sousa

Resumo


Desde a preparação deste primeiro número do volume 35, assumi a Editoria dos Cadernos de Ciência & Tecnologia (CC&T) em substituição à nossa competente colega Maria Amalia Gusmão Martins. Felizmente, a Amalia continuará conosco na equipe de Editoria da revista. Ela tem sido importante contribuidora, defensora e dinamizadora deste periódico quadrimestral, cujo trabalho acompanho de perto, não só como membro do seu Conselho Editorial, mas também como um dos seus fundadores.

A Embrapa – e todo seu setor de periódicos – passa por momento de importante transformação institucional. Busca-se, com as mudanças em andamento, dinamização ainda maior em todas as áreas de atuação da Empresa. As revistas científicas, antes concentradas na Embrapa Informação Tecnológica, agora extinta, passaram a fazer parte da Secretaria de Pesquisa e Desenvolvimento (SPD), antigo Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD). Entre essas revistas está a CC&T.

Formam esta edição seis contribuições particulares: quatro apresentadas na seção Artigos, uma na seção Debates e uma outra na seção Resenhas.

O artigo inaugural desse número recebe o título Comércio justo e gestão ambiental para a sustentabilidade: o caso de uma comunidade que sustenta a agricultura (CSA). Seus autores são Ermano Corrêa da Silva Júnior, Gustavo Serra Santana, Manuel Steven Guzmán Muñoz, Bruno Henrique Crespo Porto, Ana Maria Resende Junqueira, João Paulo Guimarães Soares e Geraldo Stachetti Rodrigues. Este estudo buscou aprofundar a análise de desempenho ambiental da produção orgânica de hortaliças e frutas verificada na Chácara Vale Verde, situada em área próxima a Brasília, Distrito Federal. Os autores esclarecem os propósitos do modelo Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), em que se evidencia que o estabelecimento de relações de confiança é vital para o sucesso da iniciativa. Nessa análise de desempenho ambiental da Chácara Vale Verde, diferentes dimensões foram levadas em consideração: a ecologia da paisagem, a qualidade ambiental, os valores socioculturais e econômicos, bem como a gestão e a administração.

O trabalho seguinte é Produção científica brasileira (2007–2016) com a espécie Acacia mangium Wild: estado da arte e reflexões, assinado por
Fabiano de Carvalho Balieiro, Hélio Tonini e Ricardo Arcanjo. No período estudado, os autores buscaram identificar a massa crítica de conhecimentos em torno da Acacia mangium. O objetivo foi reunir informações sobre a produção científica brasileira com relação à espécie nos últimos dez anos, incluindo instituições envolvidas e interações acadêmicas com instituições de outros países. No ensaio surgem reflexões concernentes ao potencial do gênero Acacia e aos rumos para sua melhor utilização no Brasil. Nessa tarefa, temas como cooperação internacional, conservação da biodiversidade, melhoramento, silvicultura e indústria são abordados.

O terceiro artigo é A produção animal na economia da agricultura familiar: estudo de caso no Semiárido brasileiro. Seus autores são Yuri Lopes Silva, Guillermo Gamarra-Rojas, Francisco Éden Paiva Fernandes, Jorge Luís de Sales Farias e Cellyneude de Souza Fernandes. A área estudada é a pequena comunidade rural cearense conhecida como Sítio Areias, situada na região semiárida, com predominância de minifúndios, e que vive experiências de transformação social, econômica e ambiental, com apoio do Programa Territórios da Cidadania, o Projeto Cabra Nossa de Cada Dia e o Projeto Sustentare. O foco do ensaio é investigar a criação animal (gados bovino, ovino e caprino) para a economia da agricultura familiar daquela localidade.

O último trabalho dessa seção, Agricultura orgânica: uma tendência saudável para o produtor, é de autoria de Larissa Maas, Rosane Malvestiti, Lizandra Garcia Lupi Vergara e Leila Amaral Gontijo. O ensaio é produto de entrevistas semiestruturadas realizadas de setembro a novembro de 2016, com agricultores orgânicos da região de Rio do Sul, Santa Catarina. Algumas categorias como saúde, satisfação no trabalho, perspectiva de futuro e filosofia foram identificadas como motivadoras na conversão dos produtores rurais para a prática da agricultura orgânica. No trabalho, os motivos foram analisados dentro de subdivisões como “questões pessoais”, “questões específicas da propriedade” e questões diretamente ligadas a “fatores externos”.

Na seção Debates, Renata Cardozo Bet e Sílvio Tiago Cabral, baseados na vocação regional de produção de vinhos artesanais encontrada no município sul-catarinense de Pedras Grandes, fundamentam uma ampla proposta de desenvolvimento sustentável para o enoturismo, tendo como base a produção e comercialização de vinhos artesanais das propriedades rurais ali existentes. O título do artigo é Enoturismo em Pedras Grandes, SC: proposta de desenvolvimento sustentável voltada para a vocação regional da produção de vinhos artesanais. Nele, os autores claramente associam sua proposta à importância da preservação do patrimônio histórico e cultural de toda a região.

Na seção Resenha, João Pratagil Pereira de Araújo, no seu Inovações na agricultura brasileira: muito além da propriedade intelectual, analisa extensivamente o livro Propriedade intelectual e inovações na agricultura, de Antônio Márcio Buainain, Maria Beatriz Machado Bonacelli e Cássia Isabel Costa Mendes (Organizadores). Vale a pena acompanhar a argumentação do dr. Pratagil.

Boa leitura!

Ivan Sergio Freire de Sousa
Editor


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DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2018.v35.26377