Geoquímica dos elementos menores nos solos de Pernambuco. I. Manganês na Zona da Mata e no Sertão
Resumo
Informações sobre os elementos menores nos solos do Brasil são escassos e não existem ao que se saiba, para os solos do Nordeste. Foram estudados 12 perfis típicos no Sertão e 19 na Zona da Mata do Estado de Pernambuco. Esses perfis representam os grandes grupos dos solos das zonas em questão. Nesses solos, determinou-se, espectrofotomètricamente, o Mn extraído pelo ácido sulfúrico, ácido fluorídrico, acetato de amônio (pH═7), ácido acético 2,5% (pH═2,5) e solução alcoólica de hidroquinona (0,05%), com o objetivo de estudar a geoquímica do Mn nesses solos e o manganês disponível para as plantas. Nos solos da zona semiárida do Estado, Sertão (cerca de 65.000 km²), excetuando-se os correspondentes à menor fração desses solos (Fig. 1), o manganês está presente em quantidade considerada suficiente para as plantas, (acima do limite de 20 ppm de Mn facilmente redutível). Nos solos da Zona da Mata de Pernambuco (cerca de 12.000 km²), próximos ao litoral, e que constituem a zona mais valiosa do Estado, sob o ponto de vista agrícola, o conteúdo de Mn dos solos é surpreendentemente baixo. O manganês disponível para as plantas, existe geralmente em teores muito baixos, ou mesmo indetectáveis pelo método usado (<9 ppm). Com exceção de certos solos da zona norte do Estado (Fig. 1), aonde o conteúdo do Mn é mais do que suficiente para a nutrição das plantas, mas que não se situa aparentemente na faixa tóxica, a grande maioria dos solos da zona da mata contém Mn disponível em quantidade bastante inferior ao limite mínimo, considerado na literatura internacional, como suficiente para suprir as necessidades dos vegetais (20 ppm). Levanta-se a hipótese de que é bem possível que o baixo rendimento agrícola desses solos, mesmo quando adubados comumente (macroelementos) e irrigados, se deva, pelo menos em parte, à deficiência do Mn e provavelmente também de outros elementos menores, entre os quais os elementos associados ao manganês nas rochas sedimentares (As, Ba, Co, Mo, Ni, V e Zn). Chama-se a atenção para a necessidade de futuras pesquisas para confirmação no campo das previsões feitas, como também para elucidar-se certas doenças endêmicas dos animais da Região, que podem ser atribuída a essa carência. A geoquímica do manganês nos solos de Pernambuco não foi totalmente esclarecida. O método do ácido sulfúrico (Inst. Quim. Agrícola 1949), não pode ser utilizado para esse fim, pois não é capaz de retirar a totalidade do Mn do solo. Assim, não foi possível obter qualquer correlação entre o Mn extraído pela solução sulfúrica e a fração argila + limo, como também não se obteve correlação com o pH, mesmo dentro do mesmo perfil. Apareceu assim, a necessidade de usar o extrato obtido do ataque pelo ácido fluorídrico. Esses trabalhos prosseguem ativamente na Seção de Solos do Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Nordeste. Embora nenhuma experiência no campo haja sido feita ainda pelo Instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Nordeste, (que certamente as fará em futuro próximo), apresenta-se como argumento em apoio a hipótese acima, o fato de que na estreita faixa do Estado, na qual determinou-se quantidade suficiente de Mn para as plantas, foi observado obter-se melhores resultados agrícolas e os experimentos respondem melhor à adubação comum aos macroelementos. As zonas nas quais se prevê deficiência de Mn estão dadas na Fig. 1.
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