Toxidez de manganês em leguminosas forrageiras tropicais

Sebastião Manhães Souto, Johanna Döbereiner

Resumo


Foram realizados dois experimentos em casa de vegetação que tiveram como finalidade estudar a influência da toxidez de manganês no estabelecimento de seis leguminosas forrageiras (Centrosema pubescens, Pueraria javanica, Glycine javanica var. SP-1, Glycine javanica var. Tinaroo, Stylozanthes gracilis e Phaseolus atropurpureus), em dois solos da Baixada Fluminense. No primeiro experimento estudou-se a influência de quatro níveis de manganês (0, 50, 100 e 200 ppm) aplicado em forma de MnSO4, na sintomatologia e no desenvolvimento das seis leguminosas. Não houve efeito da aplicação do manganês na germinação das plantas. Por ocasião do desbaste já se notou maior ou menor sensibilidade das espécies à toxidez de manganês. A Centrosema pubescens se mostrou mais tolerante tendo ao mesmo tempo maior desenvolvimento radicular. C. pubescens, P. javanica e P. atropurpureus, nesta ocasião, já apresentaram aproximadamente 50% das plantas noduladas enquanto nas três outras leguminosas esta percentagem foi insignificantes. Dois meses após o plantio, quando o experimento foi colhido, estas diferenças estavam ainda mais pronunciadas tendo sido altamente significativa a interação espécie x manganês para peso de nódulos, peso das plantas, teor de nitrogénio nas plantas e para o nitrogênio total nas plantas. Outra vez, a C. pubescens, a P. javanica e a P. atropurpureus foram as espécies que conseguiram desenvolver nodulação abundante neste solo, tendo, porém, já a primeira dosagem de manganês reduzido consideravelmente o peso dos nódulos e o nitrogênio fixado. A variedade SP-1 da G. javanica mostrou ser mais tolerante à toxidez de manganês que a variedade Tinaroo. No segundo experimento estudou-se o efeito da calagem com e sem adubação fosfatada no estabelecimento das duas variedades de Gycine javanica em dois solos com toxidez de manganês. Na época de desbaste já se notou efeito favorável da calagem em todas as observações feitas na nodulação e no desenvolvimento das plantas, exceto no crescimento das raízes, que foi prejudicado. A variedade Tinaroo mostrou desenvolvimento inicial mais rápido. A calagem reduziu a absorção do manganês pela planta, mas a adubação fosfatada num dos solos a aumentou. Dois meses após o plantio o efeito da calagem na presença da adubação fosfatada proporcionou um aumento da ordem de 10 a 30 vezes no nitrogênio fixado e na produção de forragem, confirmando pronunciada toxidez de manganês além da deficiência de fósforo, nos dois solos. O melhor desenvolvimento inicial da variedade Tinaroo, nesta época já não se fazia sentir. A variedade SP-1, como no primeiro experimento, se mostrou mais tolerante à toxidez de manganês sendo principalmente sua simbiose menos afetada do que a da variedade Tinaroo.


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