Características bioclimáticas dos trigos sul-brasileiros

Fernando Silveira da Mota, Clara Oliveira Goedert

Resumo


Em 1967 foram realizados ensaios em Pelotas, Rio Grande do Sul, com a finalidade de caracterizar bioclimàticamente os trigos semeados no sul do Brasil. Compararam-se os comportamentos de semeaduras quinzenais de 50 variedades e linhagens, entre abril e setembro, mediante o Índice Heliotérmico de Geslin. Determinaram-se quatro diferentes grupos bioclimáticos de trigo, que foram designados como superprecoces, precoces, intermediários e tardios. Os trigos superprecoces são indiferentes ao comprimento do dia, não necessitam frio e portanto não reagem à vernalização, e, além disso, requerem temperaturas relativamente altas no subperíodo encanamento-espigamento. Os trigos precoces reagem à vernalização, possuindo, portanto, certa exigência em frio, que embora pequena, devem satisfazer para desenvolver-se normalmente; são indiferentes ao comprimento do dia e aceleram o seu ciclo vegetativo com as temperaturas crescentes. Os trigos intermediários não necessitam frio, mas exigem um determinado umbral fotoperiódico para espigar, requerendo temperaturas relativamente altas no subperíodo encanamento-espigamento e são de ciclo médio. Os trigos tardios não exigem frio, mas necessitam de dias longos para espigar, reagindo, também, às temperaturas crescentes. Comparando as características bioclimáticas dos diversos grupos com as disponibilidades climáticas do Rio Grande do Sul concluiu-se que a época de semeadura mais indicada para os trigos superprecoces, precoces, intermediários e tardios são respectivamente agosto, maio-junho-julho, fim de julho início de agosto e maio-junho-julho. Conforme a região, a ocasião ótima para, o plantio será o inicio, meio ou fim do período, indicado. Os trigos superprecoces e intermediários são considerados como os mais indicados para as condições climáticas do Rio Grande do Sul, uma vez que não necessitam frio e espigam em uma época do ano em que o balanço hídrico é menos favorável para as duas principais doenças da região: septoriose e fusariose. São feitas, ainda, considerações sobre as disponibilidades climáticas de outras regiões do Brasil, face às características biocimáticas dos diferentes grupos.


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