Métodos de tratamento para conservação do trigo armazenado

Licelma Martins Fehn

Resumo


No presente trabalho, foi focalizada a complexidade do problema da cultura do trigo, baseada não só na boa produção, mas também na proteção da planta em si e na conservação dos grãos armazenados através do combate às pragas de armazém. Foi apontado como causa para que o produto sofra perdas o desconhecimento, por parte do agricultor, da técnica de aplicação de defensivos no trigo a ser conservado. Essa deficiência de conhecimentos tem repercussão ainda maior porque ela influirá até na possibilidade de ser o trigo contaminado por resíduos tóxicos ao homem. O problema foi situado no Brasil, num levantamento dos produtos inseticidas e de como devem ser empregados, segundo a destinação do trigo: para semente ou para consumo. Para tanto, foram reunidos numerosos dados estrangeiros que, aliados aos nacionais, possibilitassem o aperfeiçoamento dos métodos de combate às pragas de armazém no nosso meio. Foi feito um levantamento comparativo da situação de armazenamento nos últimos anos no Brasil e em quatro outros países (Austrália, Canadá, Inglaterra e Estados Unidos). Foi avaliada a vantagem do uso de fumigantes à base de fosforeto de alumínio (Phostoxin e Delícia) em relação ao brometo de metila e bissulfureto de carbono, considerando, principalmente, sua facilidade de aplicação, e a vantagem do emprêgo de produtos à base de piretro, malathion e carbamato em relação ao DDT e BHC quando o trigo é destinado ao consumo. Foi abordada a importância das pragas de armazém, consideradas limitantes para a conservação da safra tritícola, merecendo destaque o gorgulho Sitophilus oryzae (L. 1763) e a traça Sitotroga cerealella (Oliv. 1819), responsáveis pela diminuição do valor das safras armazenadas e conservadas sem as devidas precauções. Como fator mais importante no emprêgo de fumigantes, principalmente do brometo de metila, foi apontada a umidade do trigo, que faz com que êste gás prejudique o poder germinativo da semente. Com base neste fator, nas dosagens dos gases e no tempo de exposição ao expurgo, foram estabelecidos os dados iniciais, porém, básicos para o trabalho. Foram feitos experimentos com o emprêgo de: a) gases, em câmaras metálicas herméticas e sob lonas impermeáveis; b) de inseticidas em pó, que atuam por contato e ingestão, como o DDT e BHC; c) de inseticidas à base de malathion, considerado atualmente como único para mistura direta aos grãos destinados à alimentação; d) de um composto de origem vegetal, piretro, com seu sinérgico butóxido de piperonila, que atua por contato e é inócuo para o homem; e e) de carbamatos, introduzidos nos últimos experimentos e representados pelo inseticida Carbaryl, também de baixa toxidez para o homem. Os resultados obtidos foram baseados no levantamento dos seguintes dados: a) poder germinativo; b) perda de pêso do trigo armazenado; c) número de gorgulhos encontrados (vivos-mortos); d) número de grãos danificados. Como em trigo para semente não devem ser empregados inseticidas que afetem o poder germinativo, e em trigo para consumo, os que deixem resíduos tóxicos para animais de sangue quente, os resultados apresentados indicam o emprêgo correto de defensivos para cada caso. Concluiu-se, quanto aos fumigantes, estabelecendo os limites de umidade do grão para emprêgo do brometo de metila (importantíssimo, se o trigo tratado fôr destinado a semente) e do bissulfureto de carbono, e admitindo liberdade de emprêgo dos gases de fosforeto de alumínio (Phostoxin e Delícia). No tocante aos inseticidas em pó, concluiu-se pela vantagem do uso do "Pirisa Protetor de Grãos", produto nacional, aliado aos inseticidas à base de carbamatos e de malathion, quando o material se destinar ao consumo na alimentação humana. O emprêgo do BHC e do DDT, nebulização, como protetores, foi admitido em casos mais gerais. Também foram relatados trabalhos com inseticidas em solução, como malathion, piretrina líquida e carbamatos em pó molhável. Completando o trabalho, foi sugerida uma série de normas a serem seguidas no expurgo e na conservação do trigo armazenado.


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