Duas novas espécies de Piricularia coletadas na Amazônia

Resumo

Apresentam-se as diagnoses de duas espécies de Piricularia, propondo-as como novas. Estas espécies de fungo foram coletadas na região amazônica em áreas de mata de reserva que pertence ao instituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias do Norte (IPEAN). O gênero Piricularia Sacc., incluido no grupo dos Hifomicetos, abrange ainda um número muito pequeno de espécies descritas, que totalizam cinco ou seis. Nenhuma desenvolve estruturas de estágios perfeitos. As denominações específicas adotadas foram Piricularia guarumeicolae, parasitica de folhas de Ischnosiphon simplex Hub. (guarumã mirim), e Piricularia lourinae, que acarreta lesões foliares em Aniba burchellii Kostern (louro). Em trabalhos experimentais verificou-se que a espécie lschnosiphon obliquus (Rudge) Koern (guarumã-açu) é suscetível à queima das folhas causadas por P. guarumeicolae. No ambiente nativo, entretanto, não têm sido observadas plantas de guarumã-açu com sintomas desta moléstia. É provável que fatores morfológicos ou relacionados com a constituição dos tecidos impeçam o desenvolvimento da infecção. Obtiveram-se cultivos purificados dos fungos em meios sintéticos de laboratório. A patogenicidade do micete Pericularia guarumeicolae foi comprovada em testes de inoculação em mudas em vasos. As folhas foram inoculadas com suspensão de esporos formados em meio constituído de folhas e hastes ainda tenros cortados em pedaços aos quais se adicionou agar dissolvido a 2%. Até a presente data estes fungos imperfeitos não ocasionam moléstias de importância econômica. Poderiam constituir patógenos importantes à produtividade de outras espécies vegetais cultivadas que pertencem às famílias das plantas hospedeiras, como a araruta e o abacateiro. Possuem importância na sistemática dos eumicetos. Podem ser de interesse no estudo da ecologia de uma área.