Balanço hídrico do Rio Grande do Sul
Resumo
Após salientar a importância do estudo do regime hídrico no Rio Grande do Sul, é especificado que a finalidade deste trabalho é fornecer uma base climatológica que venha contribuir para a solução de graves problemas da agricultura riograndense, entre os quais destacam-se as sêcas de verão e os excessos de água no inverno, primavera e outono, assim como a enorme variabilidade que se observa de ano para ano em relação ao regime das chuvas. Chama-se a atenção para a grande contribuição dos métodos propostos por Thornthwaite e colaboradores para o estudo do regime hídrico, os quais, neste trabalho, são aplicados ao Rio Grande do Sul. São discutidos o conceito de evapotranspiração potencial e os métodos de cálculo da mesma, assim como o do balanço hídrico. Considerando a relação entre as chuvas, a evaporação e o armazenamento de água no solo, podemos distinguir três tipos de regime climático no Rio Grande do Sul: na zona sul do Estado, há uma estação sêca, uma estação de reposição de água no solo e uma estação de excesso de água; durante a estação seca é utilizada certa quantidade de água armazenada no solo, proveniente de chuvas que ocorreram durante a estação de excesso de água, que entretanto é insuficiente para cobrir as necessidades. A estação sêca, que dura de 1 a 4 meses conforme a zona, inicia-se com o fim da primavera e se prolonga pelo verão nas localidades mais sêcas, ou compreende apenas o verão nas localidades onde a sêca é menos prolongada. Na estação de reposição de água no solo, as chuvas são superiores à evapotranspiração, porém, a diferença não é suficiente para saturar o solo e não há excesso; coincide com o início do outono. A estação de excesso coincide com o fim do outono, inverno e início da primavera. Êste tipo de regime hídrico ocorre também em uma zona restrita ao redor do Município de Marcelino Ramos, na zona norte do Estado. Na zona intermediária entre o sul e o norte do Estado (Municípios de São Gabriel, São Luiz Gonzaga, Santiago, Santa Cruz, Caçapava), há uma estação em que as chuvas não satisfazem às necessidades de água que, no entanto, são satisfeitas pela água acumulada no solo proveniente de chuvas que ocorreram na estação anterior. Esta estação coincide com o fim da primavera e o início do verão; a outra estação inicia-se com um período breve de reposição de água no solo até este ter completado a sua capacidade, o que ocorre no fim do verão; daí em diante há excesso de água até o início da primavera, ocorrendo não só nesta zona, como em todo o Estado, dois máximos de excesso durante a estação úmida: um em maio-junho e outro em agôsto-setembro. O tipo de regime com estação de utilização de água armazenada, mas normalmente sem seca, ocorre também no litoral norte do Rio Grande do Sul (Município de Tôrres). Na zona norte do Estado, especialmente no Planalto, normalmente não há estação sêca, ocorrendo excesso em todos os meses do ano. São dados exemplos da oscilação dos valores, da deficiência e do excesso de água de ano para ano, chamando-se a atenção para a sua importância econômica (Fig. 24 a 27). As chamadas sêcas contingentes e invisíveis são as que correspondem aos tipos que ocorrem no Estado. São discutidos meios capazes de debelar os efeitos da sêca e dos excessos de água, chamando-se a atenção para a necessidade do fomento de soluções que já estão em uso (açudes para irrigação, drenagem, combate à erosão, reservas forrageiras, abrigos para o gado etc.). É apresentada e discutida a distribuição geográfica no Estado do Rio Grande do Sul, da evapotranspiração potencial, real, deficiência de água, excesso de água, épocas de ocorrência dêstes excessos e deficiências (Fig. 18 a 23 e 28 a 33). A variação estacional dêstes elementos é apresentada nas Fig. 3 a 17.
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