Intoxicação experimental em bovinos pelas folhas de Ricinus communis
Resumo
Foram realizados experimentos com as folhas verdes recém-colhidas de talos esbranquiçados e arroxeados e com as folhas dessecadas de Ricinus communis L., procedentes do Estado do Rio de Janeiro, administradas por via oral a 25 bovinos jovens desmamados, variando as quantidades e as épocas do ano. No Estado do Ceará foram realizados adicionalmente experimentos em 12 bovinos com as folhas verdes recém-colhidas e as folhas murchas quentes, deixadas uma hora no sol. Não houve diferença na toxidez entre as folhas de talo esbranquiçado e as de talo arroxeado de R. communis, entre as do Estado do Rio de Janeiro e as do Ceará, e também não entre as folhas murchas quentes e as folhas verdes recém-colhidas. A dose de 20 g/kg das folhas causou a morte em 8 de 12 bovinos; quantidades de 10 a 12,9 g/k, administradas a 11 bovinos, causaram a morte de somente um deles, um que tinha ingerido 10 g/kg. A planta não mostrou efeito acumulativo, mas há indicação de desenvolvimento de pequena tolerância à ingestão da planta. As folhas dessecadas coletadas até 19 semanas antes de sua administração e guardadas em temperatura ambiente, perderam aproximadamente metade de sua toxidez. Os principais sintomas de intoxicação nos bovinos pelas folhas de R. communis, em todos os experimentos, foram de ordem neuromuscular. Foram observados desequilíbrio no andar, necessidade de se deitar após curta marcha, dificuldades ao deitar, tremores musculares, sialorréia, movimentos vazios de mastigação, eructação excessiva, recuperação ou morte rápidas. Os primeiros sintomas apareceram entre 3 e 6 horas após a ingestão da planta. Nos casos de sobrevivência, os sintomas perduraram por 2 a 10 horas; entre a administração da planta e a recuperação dos animais o prazo máximo foi de 13 horas. Nos casos de morte, a duração dos sintomas de intoxicação era de 2 a 15 horas; entre a administração da planta e a morte dos animais decorreram 5 a 20 horas. Os achados de necropsia nos 11 bovinos que morreram nos experimentos foram praticamente negativos e os histopatológicos consistiram em leve a acentuada degeneração hidrópico-vacuolar no fígado. Os sintomas neuromusculares observados nestes experimentos com as folhas de R. communis indicam que o princípio tóxico é diferente da ricina, responsável pela toxicidade das sementes, que causam um quadro gastrintestinal.
Palavras-chave
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