Intoxicação Experimental por Polygala Klotzchii em bovinos
Resumo
As partes aéreas verdes frescas de Polygala klotzchii Chodat, da família Polygalaceae, foram administradas por via oral a 14 bovinos jovens desmamados; desses 8 morreram. A planta usada nos experimentos procedia dos Estados de Mato Grosso, onde estava em floração, e de São Paulo, onde estava em frutificação; não foi observada diferença de toxidez entre elas. Os experimentos revelaram que a menor dose letal para bovinos é ao redor de 10 gramas da planta por quilo de peso do animal. Em todos os experimentos realizados os bovinos que adoeceram morreram, exceto um que recebeu 7,5 g/kg da planta e mostrou sintomas fortes, passageiros, tendo-se restabelecido em menos de 24 horas após a administração da planta. Os animais mostraram os primeiros sintomas ou já durante a administração da planta, que nesses casos teve de ser interrompida, ou pouco tempo após, isto é entre 1 hora e 50 minutos a 2 horas e 50 minutos após o início de sua administração. A duração total dos sintomas variou de 8 horas e 22 minutos a 28 horas e 30 minutos, tendo decorrido desde o início de sua administração até a morte dos animais períodos variáveis entre 10 horas e 12 minutos e 31 horas. O quadro clínico da intoxicação por P. klotzchii foi bastante uniforme em todos os animais. Os sintomas principais consistiram em perturbações nervosas caracterizadas por forte instabilidade, caindo o animal logo ao solo, permanecendo em decúbito esternal. Os animais em geral ainda conseguiam levantar-se uma ou mais vezes, mas devido à grande instabilidade acabavam sempre caindo. Faziam então movimentos desordenados com a cabeça, principalmente em sentido horizontal, às vezes tão violentos que a batiam com força contra o chão, caindo então em decúbito lateral. Depois os sintomas nervosos eram mais atenuados e havia, em alguns casos, de vez em quando, contrações fortes súbitas pelo corpo. Além dos sintomas nervosos os animais mostravam respiração acelerada, irregular e laboriosa, a expiração acompanhada de gemidos. Havia diarréia forte com expulsão de fezes líquidas já a partir de 2 horas e 30 minutos, até, no máximo, de 11 horas e 10 minutos após o início da administração da planta. A musculatura anal era relaxada. Os achados de necropsia também foram bastante uniformes e os principais se localizavam no aparelho digestivo. No rúmen a planta administrada era facilmente identificável, principalmente por seus espinhos. O conteúdo do folhoso era ressequido. A mucosa do coagulador e de todo o intestino era variavelmente congesta e às vezes tinha petéquias; o conteúdo do intestino era líquido. As placas de Peyer eram congestas em alguns casos. Os linfonodos mesentéricos às vezes estavam parcialmente congestos. As alterações histopatológicas mais importantes foram necrobiose e necrose do tecido linfático, especialmente dos folículos linfóides, tanto do baço, como dos linfonodos viscerais e externos, das placas de Peyer e até mesmo do tecido linfático peribronquial. Foram ainda constatadas congestão e hemorragias do sistema nervoso central. Através de dois experimentos ficou evidenciado que a planta não possui efeito acumulativo e que também não provoca o aparecimento de tolerância por parte dos animais quando ingerida repetidas vezes em doses subletais. Através de experimentos em 4 bovinos com P. klotzchii dessecada e armazenada à temperatura ambiente, verificou-se que a planta não perdeu em toxicidade, durante pelo menos um ano.
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