Intoxicação Experimental por Polygala Klotzchii em bovinos

Carlos Hubinger Tokarnia, Jürgen Döbereiner, Camillo F.C. Canella

Resumo


As partes aéreas verdes frescas de Polygala klotzchii Chodat, da família Polygalaceae, foram administradas por via oral a 14 bovinos jovens desmamados; desses 8 morreram. A planta usada nos experimentos procedia dos Estados de Mato Grosso, onde estava em floração, e de São Paulo, onde estava em frutificação; não foi observada diferença de toxidez entre elas. Os experimentos revelaram que a menor dose letal para bovinos é ao redor de 10 gramas da planta por quilo de peso do animal. Em todos os experimentos realizados os bovinos que adoeceram morreram, exceto um que recebeu 7,5 g/kg da planta e mostrou sintomas fortes, passageiros, tendo-se restabelecido em menos de 24 horas após a administração da planta. Os animais mostraram os primeiros sintomas ou já durante a administração da planta, que nesses casos teve de ser interrompida, ou pouco tempo após, isto é entre 1 hora e 50 minutos a 2 horas e 50 minutos após o início de sua administração. A duração total dos sintomas variou de 8 horas e 22 minutos a 28 horas e 30 minutos, tendo decorrido desde o início de sua administração até a morte dos animais períodos variáveis entre 10 horas e 12 minutos e 31 horas. O quadro clínico da intoxicação por P. klotzchii foi bastante uniforme em todos os animais. Os sintomas principais consistiram em perturbações nervosas caracterizadas por forte instabilidade, caindo o animal logo ao solo, permanecendo em decúbito esternal. Os animais em geral ainda conseguiam levantar-se uma ou mais vezes, mas devido à grande instabilidade acabavam sempre caindo. Faziam então movimentos desordenados com a cabeça, principalmente em sentido horizontal, às vezes tão violentos que a batiam com força contra o chão, caindo então em decúbito lateral. Depois os sintomas nervosos eram mais atenuados e havia, em alguns casos, de vez em quando, contrações fortes súbitas pelo corpo. Além dos sintomas nervosos os animais mostravam respiração acelerada, irregular e laboriosa, a expiração acompanhada de gemidos. Havia diarréia forte com expulsão de fezes líquidas já a partir de 2 horas e 30 minutos, até, no máximo, de 11 horas e 10 minutos após o início da administração da planta. A musculatura anal era relaxada. Os achados de necropsia também foram bastante uniformes e os principais se localizavam no aparelho digestivo. No rúmen a planta administrada era facilmente identificável, principalmente por seus espinhos. O conteúdo do folhoso era ressequido. A mucosa do coagulador e de todo o intestino era variavelmente congesta e às vezes tinha petéquias; o conteúdo do intestino era líquido. As placas de Peyer eram congestas em alguns casos. Os linfonodos mesentéricos às vezes estavam parcialmente congestos. As alterações histopatológicas mais importantes foram necrobiose e necrose do tecido linfático, especialmente dos folículos linfóides, tanto do baço, como dos linfonodos viscerais e externos, das placas de Peyer e até mesmo do tecido linfático peribronquial. Foram ainda constatadas congestão e hemorragias do sistema nervoso central. Através de dois experimentos ficou evidenciado que a planta não possui efeito acumulativo e que também não provoca o aparecimento de tolerância por parte dos animais quando ingerida repetidas vezes em doses subletais. Através de experimentos em 4 bovinos com P. klotzchii dessecada e armazenada à temperatura ambiente, verificou-se que a planta não perdeu em toxicidade, durante pelo menos um ano.


Palavras-chave


<i> Polygala klotzchii</i>; Polygalaceae; plantas tóxicas; intoxicação por planta; bovinos; patologia

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