INTRODUÇÃO
Resumo
Este primeiro número do volume dois dos Cadernos de Difusão de Tecnologia corresponde aos meses de janeiro a abril de 1985, vindo a público com relativo atraso. Embora a sua publicação efetiva já se dê numa nova administração da Embrapa, presidida pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Pinheiro Machado, a indicação dos nomes que compõem a diretoria da Empresa, por um dever de registro histórico correto, são os daqueles que efetivamente a conduziram no primeiro quadrimestre deste ano. Dessa forma, posso, desde já, anunciar aos leitores que, em razão de novas funções que assumirei na Empresa, a editoria da revista, a partir do próximo número, será chefiada pelo colega Ivan Sérgio Freire de Sousa, companheiro da equipe dos Cadernos desde a idéia inicial até hoje. Ivan Sérgio acumulará as funções de Editor-Chefe com as de Coordenador da Área de Pesquisa do Departamento de Difusão de Tecnologia, posição que ocupa desde 1983. A sua indicação para o cargo é uma garantia não só da manutenção da nossa linha editorial, mas também do esforço no qual todos nós estamos empenhados em fazer, para que a problemática de ciência e tecnologia relacionada com a agricultura seja estudada e debatida dentro de um enfoque pluralista e multidisciplinar.
A seção de artigos, neste número, começa com o trabalho exemplar de Maria de Nazareth B. Wanderley sobre a questão da produção familiar camponesa na sociedade brasileira. Após alguns anos de circulação, em forma mimeografada, entre os estudiosos do tema, o trabalho de Nazareth Wanderley atinge agora um público acadêmico e profissional mais vasto. Ao analisar as formas que o capital assume no Brasil, o trabalho aponta para as razões que levaram esta forma de relação social a reproduzir não só um trabalhador não-proletarizado, mas também o resultado deste processo: o camponês reproduzido pelo capital. Nas muitas discussões que o trabalho apresenta, há informações importantes sobre as razões políticas e econômicas do estabelecimento de uma política agrícola nacional traduzida pelo binômio expansão da fronteira agrícola - modernização da agricultura.
O trabalho que se segue é de autoria do economista Guilherme C. Delgado e focaliza as ligações entre a mudança na base técnica dos meios de produção da agricultura no Brasil e a consolidação do que se convencionou chamar de Complexo Agroindustrial. O período básico de exame envolve os anos 70. Recebe atenção especial de Guilherme Delgado o papel da indústria de insumos que, integrada organicamente ao Sistema de Pesquisa Agropecuária, influencia no surgimento de uma série de inovações biológicas, mecânicas e físico-químicas interdependentes. Walter Belik escreve o que é, certamente, um dos melhores trabalhos no País, até agora, focalizando o setor privado relacionado à produção de tecnologias agrícolas. Seu ponto de análise se centra na agroindústria canavieira. São discutidos, no trabalho, não só os saltos tecnológicos ocorridos na agroindústria canavieira paulista, como a articulação entre o setor público e o setor privado na geração de tecnologias para a indústria da cana-de-açúcar. Em certa medida, há uma complementaridade muito acentuada entre os trabalhos de Guilherme Delgado e Walter Belik.
Segue-se a esta discussão mais um trabalho de grande interesse da equipe Sorj, Wilkinson e Coradini. O assunto é um dos mais atuais: as biotecnologias no Brasil. É essencialmente um trabalho de caráter descritivo, onde são apontadas as características de subdesenvolvimento do País, que traz as suas marcas para o tipo de pesquisa que se realiza nessa área básica e recente das pesquisas agronômicas.
A seção Debates tem sua continuação neste número com duas contribuições muito significativas: a de Tamás Szmrecsányi e a de Brancolina Ferreira. Tamás traz uma proposta de trabalho para um estudo interdisciplinar de história da ciência no Brasil. Brancolina procura situar o livro coordenado pela Profa. Vilma Figueiredo ("Questões e Reformas Agrárias nos anos 80", Tempo Brasileiro, no 77) dentro de dimensões e objetivos apropriados. Nessa tarefa, ela dialoga com o primeiro resenhista do livro, Mauro Márcio Oliveira, apresentando, de maneira clara e objetiva, a importância específica da obra para o debate da Reforma Agrária, na qual todo o País se concentra e amadurece. Mauro Márcio leu, previamente, a contribuição trazida por Brancolina Ferreira e concluiu que ela traz dados e nuanças muito importantes sobre mais esse trabalho sério e oportuno que a Profa. Vilma Figueiredo entregou à comunidade de estudiosos do País.
Na seção de resenhas, os livros de José de Sousa Martins ("A Militarização da Questão Agrária do Brasil"), Francisco C. Weffort ("Por que Democracia?") e Anna Luiza O. de Almeida ("Biotecnologia e Agricultura: Perspectivas para o Caso Brasileiro") são comentados, respectivamente, pelos colegas Michelangelo Giotto Santoro Trigueiro, Ivan Sérgio Freire de Sousa e Edward Gerald Singer.
Espero que este número dos Cadernos de Difusão de Tecnologia venha a atender às expectativas e exigências dos leitores.
A seção de artigos, neste número, começa com o trabalho exemplar de Maria de Nazareth B. Wanderley sobre a questão da produção familiar camponesa na sociedade brasileira. Após alguns anos de circulação, em forma mimeografada, entre os estudiosos do tema, o trabalho de Nazareth Wanderley atinge agora um público acadêmico e profissional mais vasto. Ao analisar as formas que o capital assume no Brasil, o trabalho aponta para as razões que levaram esta forma de relação social a reproduzir não só um trabalhador não-proletarizado, mas também o resultado deste processo: o camponês reproduzido pelo capital. Nas muitas discussões que o trabalho apresenta, há informações importantes sobre as razões políticas e econômicas do estabelecimento de uma política agrícola nacional traduzida pelo binômio expansão da fronteira agrícola - modernização da agricultura.
O trabalho que se segue é de autoria do economista Guilherme C. Delgado e focaliza as ligações entre a mudança na base técnica dos meios de produção da agricultura no Brasil e a consolidação do que se convencionou chamar de Complexo Agroindustrial. O período básico de exame envolve os anos 70. Recebe atenção especial de Guilherme Delgado o papel da indústria de insumos que, integrada organicamente ao Sistema de Pesquisa Agropecuária, influencia no surgimento de uma série de inovações biológicas, mecânicas e físico-químicas interdependentes. Walter Belik escreve o que é, certamente, um dos melhores trabalhos no País, até agora, focalizando o setor privado relacionado à produção de tecnologias agrícolas. Seu ponto de análise se centra na agroindústria canavieira. São discutidos, no trabalho, não só os saltos tecnológicos ocorridos na agroindústria canavieira paulista, como a articulação entre o setor público e o setor privado na geração de tecnologias para a indústria da cana-de-açúcar. Em certa medida, há uma complementaridade muito acentuada entre os trabalhos de Guilherme Delgado e Walter Belik.
Segue-se a esta discussão mais um trabalho de grande interesse da equipe Sorj, Wilkinson e Coradini. O assunto é um dos mais atuais: as biotecnologias no Brasil. É essencialmente um trabalho de caráter descritivo, onde são apontadas as características de subdesenvolvimento do País, que traz as suas marcas para o tipo de pesquisa que se realiza nessa área básica e recente das pesquisas agronômicas.
A seção Debates tem sua continuação neste número com duas contribuições muito significativas: a de Tamás Szmrecsányi e a de Brancolina Ferreira. Tamás traz uma proposta de trabalho para um estudo interdisciplinar de história da ciência no Brasil. Brancolina procura situar o livro coordenado pela Profa. Vilma Figueiredo ("Questões e Reformas Agrárias nos anos 80", Tempo Brasileiro, no 77) dentro de dimensões e objetivos apropriados. Nessa tarefa, ela dialoga com o primeiro resenhista do livro, Mauro Márcio Oliveira, apresentando, de maneira clara e objetiva, a importância específica da obra para o debate da Reforma Agrária, na qual todo o País se concentra e amadurece. Mauro Márcio leu, previamente, a contribuição trazida por Brancolina Ferreira e concluiu que ela traz dados e nuanças muito importantes sobre mais esse trabalho sério e oportuno que a Profa. Vilma Figueiredo entregou à comunidade de estudiosos do País.
Na seção de resenhas, os livros de José de Sousa Martins ("A Militarização da Questão Agrária do Brasil"), Francisco C. Weffort ("Por que Democracia?") e Anna Luiza O. de Almeida ("Biotecnologia e Agricultura: Perspectivas para o Caso Brasileiro") são comentados, respectivamente, pelos colegas Michelangelo Giotto Santoro Trigueiro, Ivan Sérgio Freire de Sousa e Edward Gerald Singer.
Espero que este número dos Cadernos de Difusão de Tecnologia venha a atender às expectativas e exigências dos leitores.
Palavras-chave
DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct1985.v2.9247