Estado, bandidos e heróis: utopia e conflito na Amazônia
Resumo
Esta é uma história de camponeses dotados de alto grau de consciência da própria dignidade e que foram empurrados para a marginalidade por um Estado que deveria manter os seus direitos previstos na legislação do país. É uma comédia humana em que se confundem, de um lado, empresas que empregam pistoleiros empunhando, dizem, a bandeira da ordem e, de outro, humildes lavradores com muita coragem e personalidade, capazes de enfrentar a mentira com a exposição da própria vida. Enfrentaram inimigos protegidos pelo Estado, primeiro recorrendo às instâncias legais. Esgotados estes recursos resistiram com os mesmos métodos dos seus antagonistas. Uma diferença deve ser feita, porém. A de que a luta dos posseiros perseguidos era resistência aos mais degradados meios de exploração e aviltamento dos direitos civis. A do Estado que os liquidou, apesar de baseada na legalidade, era tão ilegítima que o obrigou a redimir-se na primeira curva da História. Algo comparável ao que aconteceu com Joana d'Arc, na França, Tiradentes, no Brasil, William Wallace, na Escócia, Zapata, no México. O mesmo Estado que mata no primeiro momento, em seguida aproveita e usufrui a bravura dos heróis, incorporando antropofagicamente o valor e as virtudes celebradas pelo povo.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct1997.v14.8967