INTERFERÊNCIAS NO AGROSSISTEMA E RISCOS AMBIENTAIS DE CULTURAS TRANSGÊNICAS TOLERANTES A HERBICIDAS E PROTEGIDAS CONTRA INSETOS

José Oswaldo Siqueira, Isabel Cristina de Barros Trannin, Magno Antônio Patto Ramalho, Eliana Maria Gouvea Fontes

Resumo


A engenharia genética possibilitou o desenvolvimento de cultivares transgênicas, cuja área plantada em 18 países atinge 67,7 milhões de hectares, principalmente de cultivares tolerantes a herbicidas e protegidas contra insetos-praga. Mesmo após rigorosa avaliação de riscos, o plantio dessas cultivares tem despertado preocupação com impactos ambientais, como escape gênico e efeitos na biodiversidade. Considerando o milho e a soja, o risco de fluxo gênico horizontal é remoto pela inexistência de espécies silvestres compatíveis, existindo esse risco para algodão em certas regiões do Brasil. O escape gênico para lavouras convencionais pode ocorrer, mas pode ser evitado por isolamento dos cultivos. Outra preocupação é o impacto de cultivares expressando proteínas inseticidas, mas os diversos estudos disponíveis indicam riscos desprezíveis desse cultivo. A redução no uso de defensivos em cultivos transgênicos favorece a biodiversidade, mas o uso prolongado do glifosato ou de cultivares Bt pode favorecer a evolução de resistência e a poluição ambiental, riscos inerentes a qualquer tipo de cultivo. Dos estudos avaliados, verifica-se que os cultivos transgênicos causam alterações no agrossistema, mas estas não diferem em natureza e magnitude daquelas dos cultivos convencionais. Para garantir sua segurança, medidas preventivas e o monitoramento são preconizados para os cultivos transgênicos.

INTERFERENCES IN THE AGRISYSTEM
AND ENVIRONMENTAL RISKS OF HERBICIDE TOLERANT
AND INSECT PROTECTED TRANSGENIC CROPS
ABSTRACT

Genetic engineering allowed the development of transgenic crops, whose area is planted in 18 countries reaches 67,7 million ha, mainly with plants expressing genes for herbicide tolerance and protection against target insects. Even after rigorous risk assessment, transgenic crops have been a major concern due to potential environmental effects, such as gene flow and impacts on biodiversity. Considering corn and soybean, the risks of horizontal gene flow are remote due to the absence of wild compatible species, whereas such a risk exists for cotton in certain regions of Brazil. The genetic contamination of conventional crops may occur, but this can be prevented by spatial or temporal isolations. Other concern is related to impacts of cultivars expressing insecticide proteins, but the various available studies indicate that the risks of such crops are despicable. The reduction in pesticide use in transgenic croppings may favor biodiversity in comparison to conventional ones, but continued use of glyphosate or Bt crops may favor the development of resistant species and environmental contamination. Such risks however are not exclusive of transgenic cropping. The reviewed studies indicate that transgenic croppings may interfere in the agrisystem, but modifications observed so far, are not different in nature and magnitude from those normally observed in conventional cropping systems. In order to ensure ecosystem biosafety, mitigating practices for eventual risks and monitoring have been recommended for transgenic agrisystems.


Palavras-chave


organismos geneticamente modificados (OGMs), biotecnologia agrícola, plantas transgênicas, biossegurança, impacto ambiental, proteínas Cry, tolerância a herbicida, organismos do solo, entomofauna, fluxo gênico.

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DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2004.v21.8718