INTRODUÇÃO
Resumo
Este terceiro número do volume 22 reúne artigos focados sobre questões da agricultura familiar e do desenvolvimento territorial, seguindo a mesma linha temática que caracterizou os dois primeiros números de 2005, correspondentes à edição comemorativa do Ano do Brasil na França.
Nos 2 últimos anos, o número de artigos submetidos à revista e dedicados a temas relacionados à agricultura familiar tem sido expressivo. Assim, neste fascículo, optamos por seguir a mesma linha temática da edição comemorativa anteriormente publicada, dando ênfase a trabalhos voltados para a agricultura familiar.
O primeiro artigo deste fascículo traz os resultados empíricos de uma pesquisa desenvolvida em Unaí, MG, entre assentamentos de reforma agrária. Em Análise de Ciclo de Vida (ACV) de sistemas de produção da agricultura familiar em Unaí, MG: resultados econômicos e impactos ambientais, José Humberto Valadares Xavier, Armando Caldeira-Pires, José Luiz Fernandes Zoby e Marcelo Leite Gastal analisam a relação entre os resultados econômicos e os impactos ambientais de quatro sistemas de produção de agricultura familiar, utilizando como ferramentas a rede de estabelecimentos de referência e a metodologia de Análise do Ciclo de Vida de Produtos (ACV). Este estudo empírico complementa um trabalho teórico anteriormente publicado nesta revista em 2004, pelos mesmos autores.
No trabalho Contribuições da economia algodoeira e cafeeira ao desenvolvimento do Maranhão e de São Paulo, Francisco Benedito da Costa Barbosa apresenta uma minuciosa pesquisa sobre a economia do algodão no Maranhão, no período de 1760 a 1888, e a economia do café em São Paulo, no período de 1817 a 1929. O autor focaliza ambos os processos de desenvolvimento a partir dessas atividades econômicas e evidencia que o modo da acumulação de capital, a diversificação nos novos investimentos, a introdução de inovações e o uso da política econômica em benefício das classes produtoras, analisadas sob as respectivas condições estruturais e conjunturais, pertinentes às respectivas épocas, foram as variáveis responsáveis pelo comportamento dessas economias, no momento da produção, e, posteriormente, pelo desenvolvimento econômico desses estados.
Em tempos de tratado da Convenção-Quadro referente ao controle mundial do fumo, Ronaldo Guedes de Lima, José Geraldo Wizniewsky e Sergio Roberto Martins partem da crítica ao padrão produtivista predominante na agricultura da região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, com vistas a prospectar novas e sustentáveis bases à consolidação de uma agenda para o desenvolvimento rural, com base nas premissas da sustentabilidade e da agroecologia. O resultado é o artigo intitulado Os desafios da sustentabilidade para o desenvolvimento rural da região do Vale do Rio Pardo, RS, que discute o surgimento e as perspectivas, num contexto de predomínio da lavoura fumícola, de novas alternativas de produção com base na agricultura sustentável.
No trabalho Tecnologias de manejo e tratamento de dejetos de suínos estudadas no Brasil, de Airton Kunz, Martha Mayumi Higarashi e Paulo Armando de Oliveira, é apresentado um panorama dos trabalhos desenvolvidos e avanços obtidos por instituições de pesquisa brasileiras para minimizar os impactos da suinocultura sobre o meio ambiente.
Em seu artigo Análise comparativa do desempenho da competitividade das agroindústrias familiares no oeste de Santa Catarina em relação ao ambiente institucional, Kleber Batista Pettan analisa, de forma comparativa, a competitividade das agroindústrias familiares organizadas em rede associadas à Unidade Central das Agroindústrias Familiares do Oeste Catarinense (Ucaf) e das agroindústrias familiares isoladas, na região da Associação dos Municípios da Região Oeste de Santa Catarina (Amosc), evidenciando um desempenho de competitividade mais elevado da organização das agroindústrias familiares em rede quando comparado às isoladas.
O artigo Sistema de Avaliação de Impacto Social de Atividades Agropecuárias (Apoia-Social), assinado por Geraldo Stachetti Rodrigues, Clayton Campanhola, Paulo Choji Kitamura, Luiz José Maria Irias e Isis Rodrigues, apresenta um promissor sistema de avaliação de impacto constituído por um conjunto de planilhas eletrônicas nas quais se integram 16 indicadores da contribuição de uma dada atividade agropecuária para o bem-estar social no âmbito de um estabelecimento rural.
Fecha este fascículo o trabalho Avaliação do desempenho de sistemas agrícolas na Amazônia Oriental cultivados com tecnologia de trituração de capoeira, no qual Antônio Carlos Reis de Freitas e Eliane Gonçalves Gomes apresentam os resultados da avaliação econômica e da eficiência técnica de sistemas agrícolas cultivados com tecnologia de trituração de capoeira por unidades familiares camponesas da Amazônia Oriental. O estudo em questão procurou identificar os tipos de benefícios privados e auferidos pelas unidades familiares que usam sistemas agrícolas cultivados com tecnologia mulch e os impactos socioeconômicos decorrentes dessa prática. Maria Amalia Gusmão Martins Editora
Palavras-chave
DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2005.v22.8659