Farinha de resíduo de uva: percepção de indústrias de sucos e vinhos sobre o destino do resíduo

Nataly Roberta Bezerra Santana Carlini, Flavia Muradas Bulhões, Voltaire Sant Anna

Resumo


A farinha de bagaço de uva, importante ingrediente funcional, raramente é encontrada no mercado e não há dados conhecidos na literatura que avaliem os motivos disso. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a percepção de empresários e técnicos quanto ao à transformação do bagaço em produtos para consumo humano e avaliar a atual destinação dada a esse resíduo. A pesquisa foi qualitativa e realizada de 2019 a 2020 por meio de entrevistas, em profundidade, com nove informantes-chave de empresas localizadas na região do Vale dos Vinhedos, no Sul do Brasil. Os resultados mostraram que poucas empresas produzem farinhas/pós e óleo de semente de uva a partir do bagaço de uva, e que a maioria destina o resíduo para compostagem e alimentação animal. Além disso, os resultados mostram que a farinha de bagaço de uva é percebida como uma matéria-prima de grande potencial para o desenvolvimento de novos produtos para consumo humano, mas que os principais obstáculos para esse uso são a falta de conhecimento de tecnologias específicas para esse tipo de produção, os grandes investimentos requeridos nessa nova cadeia produtiva, a redução de mão de obra nas empresas de agricultura familiar e as incertezas do mercado. Adicionalmente, a preocupação das empresas com o cumprimento da legislação ambiental foi um forte motivador para a destinação do bagaço de uva gerado. O presente trabalho traz informações importantes para a cadeia produtiva da uva e a comunidade científica avaliarem a destinação dos resíduos gerados para a adoção de uma abordagem ecoinovadora do bagaço de uva.


Palavras-chave


ecoinovação; subproduto alimentar; indústria alimentícia; bagaço de uva; sustentabilidade

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DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2023.v40.27269