Subsistema privado de pesquisa e assistência técnica para a inovação tecnológica agropecuária no Brasil

Antônio Maria Gomes de Castro, Suzana Maria Valle Lima, Felipe Gasparotto de Castro

Resumo


O sistema de inovação tecnológica brasileiro para o agronegócio foi implantado na década de 1970, com a criação do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), composto pela Embrapa e as Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), vinculadas ao setor público. Outros atores importantes devem ter seu papel reconhecido: as universidades; o setor privado de pesquisa e desenvolvimento em agropecuária e as organizações sociais vinculadas aos produtores, tais como as cooperativas e o sistema de assistência técnica privado. Todos fazem parte do sistema brasileiro de inovação tecnológica para o agronegócio, composto por dois grandes componentes: o subsistema público (organizações públicas de pesquisa e de assistência técnica); e o subsistema privado (organizações de produção de insumos, comercialização da produção e geração e difusão de tecnologias). O presente trabalho mapeia a atuação de alguns segmentos importantes do subsistema privado de inovação tecnológica agropecuária, representado pelas cooperativas agropecuárias, organizações privadas de pesquisa e desenvolvimento e pelas instituições privadas de assistência técnica aos produtores rurais, e suas funções e áreas de atuação em termos de pesquisa básica, pesquisa aplicada, engenharia e multiplicação da tecnologia e de assistência técnica. É parte de um trabalho abrangente, que analisou todo o sistema brasileiro de inovação tecnológica para o agronegócio, a partir de demandas do Centro de Gestão de Estudos Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Foram estudados os institutos privados de pesquisa e desenvolvimento, tais como o Irga (Rio Grande do Sul, produção de arroz), o CTC (São Paulo, produção de cana-de-açúcar), a Fundação Mato Grosso (Mato Grosso, produção de soja) e o Instituto Mato-Grossense de Algodão (IMAmt). Algumas dessas organizações se dedicam somente à pesquisa e ao desenvolvimento, enquanto outras, como o Irga, também se dedicam à extensão rural. Suas principais áreas de atuação e resultados obtidos foram registrados. A assistência técnica privada − realizada por empresas de venda de insumos, organizações não governamentais e equipes de assistência técnica de cooperativas de produtores e participação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) − é realizada de forma vinculada a vendas, em geral de empresas de comercialização de insumos. Estima-se que o país conte com 25.000 extensionistas no campo (cerca de 16.000 extensionistas da assistência técnica e extensão rural (ATER) pública e 9.000 profissionais da iniciativa privada). Foi sugerido que dois milhões de propriedades da agricultura familiar podem estar recebendo alguma assistência eventual. O conhecimento gerado por este trabalho é relevante para estudiosos do desempenho da agropecuária brasileira e de suas principais cadeias produtivas e é, também, de utilidade para orientar a ação de órgãos gestores de inovação no Brasil, como o MCTI e o CGEE.


Palavras-chave


assistência técnica privada; cooperativas; inovação tecnológica

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DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2021.v38.26834