Pesquisas com sementes crioulas e suas interações com as políticas públicas na região Nordeste do Brasil

Amaury da Silva dos Santos, Fernando Fleury Curado, Edson Diogo Tavares

Resumo


A região Nordeste do Brasil – o Semiárido, em particular – constitui-se num amplo mosaico de diversidade biológica e edafoclimática. Essa diversidade é particularmente importante para a agricultura, pois pode assegurar uma produção sustentável, especialmente no Semiárido, com a utilização de práticas agroecológicas na agricultura familiar, fundamentadas no manejo dos agroecossistemas a partir da convivência com o Semiárido. As famílias têm a tradição de produzir, armazenar e conservar as sementes em suas casas. Nesse cenário, avaliaram-se as interações entre a ciência e as políticas públicas de sementes como estratégias de desenvolvimento, amparadas na Convenção sobre Diversidade Biológica, da Organização das Nações Unidas, ratificada pelo Brasil. Durante todo o processo, os conhecimentos dos agricultores foram valorizados e integrados com o saber científico,  mostrando como, a partir das sementes crioulas, são geradas variadas estratégias de uso e manejo dos agroecossistemas. Pelos resultados observados durante cerca de 10 anos de pesquisa, os agricultores concluíram que suas sementes crioulas apresentam desempenho superior ao das sementes comerciais. Os espaços de trocas das sementes crioulas são estratégias que devem ser reconhecidas pelas políticas públicas como mecanismos de gestão da agrobiodiversidade, pois superam a lógica assistencialista dos programas tradicionais de distribuição de sementes.

Palavras-chave


agrobiodiversidade; sementes crioulas; soberania alimentar

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DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2019.v36.26514