Introdução ao número 3 do volume 34 (set./dez.) 2017

Maria Amalia Gusmão Martins

Resumo


Este último número do volume 34, referente ao ano de 2017, está sendo publicado em agosto de 2018, juntamente com o primeiro número do volume subsequente, referente ao primeiro quadrimestre de 2018, período em que a revista enfrentou problemas logísticos agora superados.

Os últimos meses de 2017 e os primeiros de 2018 trouxeram aos Cadernos de Ciência & Tecnologia inúmeras mudanças. Em novembro de 2017, a editoria técnica da revista, desde 2013 sob minha responsabilidade passou a ser exercida pela Dra. Célia Regina Tremacoldi, designada como coeditora da revista em agosto do ano anterior, ocasião em que atuava também como coeditora da revista Pesquisa Agropeuária Brasileira (PAB). No início de 2018, com o processo de reestruturação da sede da Embrapa já em curso, novas mudanças com impacto direto nos CC&T ocorreram. Em 1° de fevereiro de 2018, a editoria técnica passou às mãos do Dr. Ivan Sergio Freire de Sousa – um dos fundadores do periódico, nos anos 1980. No mês seguinte toda a equipe envolvida na edição técnica e editoração gráfica da revista foi transferida para novo espaço de trabalho, no 3° andar da sede da Embrapa.

No meio desses acontecimentos, surgiram problemas diversos, entre esses o de troca de equipamento e atraso na instalação e disponibilização dos softwares de editoração. Tudo isso ocasionou impactos negativos no fluxo editorial. Para a retomada dos trabalhos da revista foi fundamental a atuação da Dra. Célia, já então como supervisora de periódicos da Gerência de Informação Científica e Tecnológica (GICT).

Abre este número o artigo de revisão de Marcelo Rutowitsch Chimento e Lúcia Regina Rangel de Moraes Valente Fernandes – Construindo o mosaico: o papel da Embrapa na governança das IGs gaúchas de vinho – , trazendo-nos um tema que vem recebendo atenção e interesse de diversos grupos de produtores no Brasil, qual seja o da Indicação Geográfica (IG), cujos avanços mais expressivos ocorrem entre os vitivinicultores da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul. O artigo busca mapear e compreender a participação da Embrapa na governança das IGs desta região, a partir de revisão bibliográfica e entrevistas com produtores e um representante da Empresa.

O segundo artigo de revisão – Aprendizado de máquina: breve introdução e aplicações – é assinado por Ricardo Cerri e André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, e trata de problemas complexos do mundo real enfrentados tanto pela indústria como pela área acadêmica, e para cuja solução podem ser utilizados métodos de Aprendizado de Máquina (AM), uma área de pesquisa da Inteligência Artificial (IA) que atua no desenvolvimento de programas de computador com capacidade de aprender por si sós a executar uma dada tarefa pela repetição da sua própria experiência. Neste estudo, além da revisão bibliográfica de métodos de AM voltados para a agropecuária, são apresentados alguns grupos de pesquisa da Embrapa, da academia e da indústria que os utilizam.

Contexto, (agri)cultura e interação no agroecossistema familiar do caju no Semiárido brasileiro é o título do artigo assinado por Guillermo Gamarra-Rojas, Nielsen Christianni Gomes da Silva e Maria Sarah Cordeiro Vidal, que descrevem e analisam, inclusive contabilmente, a sustentabilidade de uma Mandalla em funcionamento pleno no Ceará, resultando numa produção que proporciona alimento para toda uma família de agricultores familiares com baixo uso de insumos externos e relativa autonomia. No trabalho são discutidos princípios de sustentabilidade para o Semiárido, como o da regulação de estoques, aliando a pequena irrigação a outras estratégias próprias ou adaptadas a esse ambiente. Verificou-se que uma inovação produtiva, se guiada pelo princípio de diversificação de cultivos e de produtos, torna-se atrativa e fortalece as estratégias familiares, com incidência sobre a estabilidade dos meios de vida da família. Uma contribuição de interesse para os formuladores de políticas públicas.

Vilas rurais na amazônia oriental: o Nordeste Paraense em questão, de autoria de Laiane Bezerra Ribeiro, Dalva Maria da Mota e Ketiane dos Santos Alves, é um artigo resultante de uma pesquisa que analisou a relação entre formação histórica, localização e infraestrutura em vilas rurais na região produtora de dendê no Nordeste Paraense, resultando na tipificação desses povoamentos, uma contribuição inédita que poderá subsidiar outros estudos naquela região. Trata-se de uma pesquisa exploratória em 21 municípios produtores de dendê, com uma amostra de 10% das vilas ali localizadas. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 341 atores-chave (antigos moradores e lideranças). As vilas foram tipificadas, de acordo com a formação, localização e infraestrutura, sendo as vilas do Tipo 1 (com um centro) e do Tipo 3 (na margem dos cursos d’água) as que apresentam melhores infraestruturas, por serem mais antigas, e comportam maior número de habitantes, com maior estabilidade para ali permanecerem, dispondo de organizações sociais que pressionam o poder público em favor das suas demandas. As vilas do Tipo 2 (com casas espalhadas) são as que menos dispõem de infraestrutura, pela dispersão das residências. As do Tipo 4 (ao longo das estradas) são as mais recentes e menos estáveis, em decorrência dos fluxos migratórios que comportam, uma vez que são predominantemente constituídas por assalariados.

O artigo Ações de popularização da Ciência e Tecnologia de Alimentos no Estado do Rio de Janeiro, de autoria de Renata Torrezan, João Eugênio Diaz Rocha, Maurício Vivas de Souza Barreto, José Arimathéa Oliveira, Ricardo Crivano Albieri, Fernando Teixeira Silva, Élida da Conceição Jorge, Solimar Oliveira de Faria Verra e Patrik Camporez Mação, descreve e avalia uma iniciativa desenvolvida pela Embrapa em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ/Campus Pinheiral) e com o Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CTUR). As ações de popularização da C&T de Alimentos se deu por meio de cinco cursos de capacitação, construção de página na internet e realização de um fórum de discussão.

O texto da seção DEBATE tem por tema focal a educação no campo. No ensaio Política municipal de desenvolvimento rural: refletindo interações com educação no campo, Vicente Guedes e Elisa Guedes Duarte tratam analítica, descritiva e avaliativamente uma política pública com foco na educação rural em Patos de Minas, entre 2001 e 2014, construindo reflexões aplicáveis ao caso e extrapoláveis para outras realidades. O texto é amplo e nos interessou trazê-lo para a seção DEBATE por tratar de um tema que, embora quase ausente nas páginas da revista, é todavia crucial quando se trabalha o desenvolvimento rural sob uma perspectiva mais sistêmica e integradora.  

A seção RESENHA fecha o número com o texto Sementes crioulas e resistência aos cultivos transgênicos, de Suellen Costa, em que é apresentado o livro Elas dizem não! Mulheres Camponesas e a Resistência aos cultivos transgênicos, de autoria de Márcia Tait, publicado pela Editora Librium no final de 2015. O livro é resultado do doutorado em Política Científica e Tecnológica da autora, na Universidade Estadual de Campinas. 

O próximo número dos Cadernos de C&T, já em fase de fechamento e prestes a ser publicado neste mês de agosto, tem como responsável o nosso novo Editor Técnico, Ivan Sergio Freire de Sousa. Ao Ivan, muito sucesso à frente da revista que ajudou a criar, nos idos dos anos 1980!

Maria Amalia Gusmão Martins 

Coeditora dos CC&T no período de novembro de 2017 a janeiro de 2018


 

 

 




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DOI: http://dx.doi.org/10.35977/0104-1096.cct2017.v34.26379