Considerações sobre metodologias para zoneamento agrícola em escala regionalizada

Sergio Luiz Gonçalves, Marcos Silveira Wrege

Resumo


O zoneamento agrícola foi instituído como instrumento de política agrícola para uso no seguro rural e crédito agrícola, no Brasil, em 1996. Foi utilizado para reduzir os riscos climáticos na agricultura brasileira e, com isso, reduzir as taxas de sinistralidade do PROAGRO. A variável climática relacionada às maiores taxas de sinistralidade é a deficiência hídrica. Na região Sul, está relacionada também aos riscos de geada ou de temperaturas altas no florescimento de alguns cultivos. No caso das fruteiras de clima temperado, o somatório das horas de frio no outono-inverno, embora não se constitua como risco, é condição indispensável para produção. Os riscos devem ser calculados para os períodos críticos, como a semeadura, o florescimento e enchimento de grãos e a colheita, quando os excessos de chuva prejudicam a qualidade dos grãos. Com base nestes critérios, é possível selecionar as regiões e épocas de semeadura com os menores riscos. Neste trabalho, são traçadas considerações sobre metodologia de zoneamento agrícola em escala regional, com o uso de todas as variáveis climáticas locais que constituem risco. Os riscos, calculados individualmente, são compostos em ambiente SIG, criando regiões homogêneas, por cultura. Na etapa final, ocorre a validação, utilizando dados históricos de produtividade e sinistralidade e consulta a grupos de especialistas nas culturas.

Palavras-chave


risco climático; seguro agrícola; crédito rural; regiões homogêneas

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DOI: http://dx.doi.org/10.31062/agrom.v26i2.26426

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